A crescente busca por alternativas mais leves ou pela redução do consumo de álcool tem impulsionado a popularidade das cervejas sem álcool. Contudo, apesar de sua aparente inocuidade, essas bebidas podem apresentar riscos, especialmente quando consumidas em excesso ou por indivíduos com restrições alimentares específicas. A nutricionista Victória Lira, em entrevista ao Diário do Nordeste, oferece esclarecimentos importantes sobre o tema.
Lira alerta que ingredientes comuns na cerveja, como trigo, malte e cevada, podem desencadear desconfortos intestinais, distensão abdominal e até crises em pessoas que sofrem da síndrome do intestino irritável. Além disso, mesmo com baixo ou nenhum teor alcoólico, essas cervejas contêm calorias e, em alguns casos, níveis elevados de sódio. O consumo exagerado pode, portanto, contribuir para o ganho de peso e outros problemas de saúde.
“As calorias em excesso impactam tanto quanto qualquer outro alimento. Além disso, dificilmente paramos em uma ou duas unidades, o que pode anular o benefício da ausência do álcool”, explica a especialista, ressaltando a importância da moderação.
Cerveja Sem Álcool é Realmente Zero Álcool?
Contrariando a percepção popular, a cerveja rotulada como “sem álcool” não é totalmente isenta da substância. De acordo com a legislação brasileira (Decreto nº 6.871/2009), ela pode conter até 0,5% de álcool por volume. Já as versões “zero álcool” apresentam uma quantidade ainda menor, geralmente abaixo de 0,05%, identificada nos rótulos como 0,0%. Especialistas afirmam que a remoção completa do álcool durante o processo de produção é praticamente inviável.
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Vantagens da Cerveja Sem Álcool
Apesar das ressalvas, a substituição da cerveja tradicional pela versão sem álcool pode trazer benefícios significativos. A ausência do álcool elimina o risco de toxicidade hepática e minimiza o impacto no metabolismo muscular, contribuindo para a preservação da massa magra, uma vez que o álcool é conhecido por acelerar a degradação muscular.
Outra vantagem é a redução calórica: enquanto o álcool fornece aproximadamente 7 calorias por grama, sua ausência diminui consideravelmente a densidade energética da bebida, tornando-a uma opção estratégica para quem busca emagrecimento. Adicionalmente, a cerveja sem álcool é rica em antioxidantes provenientes de ingredientes como lúpulo e malte, que auxiliam no combate ao envelhecimento precoce e no fortalecimento do sistema imunológico.
Alguns a consideram até mesmo um isotônico natural, devido à presença de carboidratos e sais minerais que auxiliam na reposição pós-exercício. No entanto, estudos sobre esse efeito ainda são limitados, e a recomendação é não substituir isotônicos já estabelecidos no mercado.
Victória Lira também destaca o aspecto social: “para quem está de dieta ou não gosta da sensação de ficar alcoolizado, a cerveja sem álcool permite participar de encontros sem pressão social para consumir álcool. Também é útil para quem aprecia o sabor, mas prefere evitar os efeitos colaterais”.
Quem Deve Evitar o Consumo?
Embora seja uma alternativa mais saudável em muitos contextos, a cerveja sem álcool não é indicada para todos. Dependentes em tratamento contra o alcoolismo devem evitá-la, pois a semelhança de sabor e a pequena quantidade de álcool podem atuar como gatilho. Pessoas com sensibilidade gastrointestinal também devem ter cautela.
Até o momento, não há evidências de que a cerveja sem álcool cause danos diretos ao fígado. Contudo, o consumo excessivo ainda requer atenção. Algumas versões podem conter açúcar adicionado ou mais carboidratos do que o esperado, o que pode impactar exames e resultados de indivíduos com predisposição a doenças metabólicas.
Fonte: TNH1
